O grande incêndio do passado fim-de-semana, no mundo paralelo das nas redes sociais, foi o vídeo de uma escola de dança de Viana do Castelo, alusivo às festas de Nossa Senhora da Agonia, alegadamente censurado pelo Facebook, devido a denúncias de racismo.
Fui ver o vídeo, que me chegou via WhatsApp, sem ponta de racismo por onde se lhe pegasse, e, quando dei por mim, o incêndio já consumia centenas de hectares virtuais no Facebook e Twitter. Impulsionada pela extrema-direita, nas suas versões oficial, dissimulada e “still inside the closet“, a narrativa era objectiva: a extrema-esquerda antifa e anti-católica havia desferido um violento e ignóbil ataque contra as bicentenárias festas minhotas. A intolerância, o comunismo, a Venezuela e até o Estaline tinham subido à Terra para censurar as jovens bailarinas. Mais um episódio de cancel culture, marxismo cultural e mais não sei o quê.
O que é que sucede? Sucede que era mentira. Que nada disso aconteceu. Em politiquês corrente, foi mais um caso de fake news. Factos alternativos, digamos. Afinal, o vídeo foi retirado, imaginem lá, porque os seus autores não pagaram direitos de autor para usar a banda sonora. Resta saber quem decidiu lançar a mentira. Quem decidiu e com que propósito. Até lá, é andar atento, porque isto vai continuar a acontecer. A cartilha da extrema-direita é conhecida e o que agora vemos por cá foi importado dos EUA, Brasil, Hungria e Polónia, entre outros. Uma cartilha que deve ser combatida, sem contemplações. Estes gajos não descansam enquanto não derrubarem a democracia.
P.S: Nuno Melo, eurodeputado do CDS-PP, foi um dos impulsionadores desta mentira, partilhando-a no Twitter e mantendo o tweet após a mesma ter sido desmascarada, algo que, lamentavelmente, já não surpreende. Mas não deixa de ser constrangedor, quando até o site de extrema-direita Direita Política retirou a aldrabice, imediatamente após ter sido desmascarada. Vergonha alheia.