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Politicamente incorrecto (1) – racismo em Portugal

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Propositadamente deixei passar algumas semanas desde o assassinato a sangue-frio de Bruno Candé numa rua de Moscavide, para escrever estas linhas.
Ao que se sabe, a vítima tinha um cão, que incomodava Evaristo Marinho, autor dos disparos. E segundo vários relatos que tenho lido de testemunhos na vizinhança, não era Bruno Candé a única pessoa na vizinhança a ser ameaçada pelo idoso Evaristo, 76 anos, ex-combatente no ultramar, frequentemente quezilento, neurótico, pessoa descrita como tendo mau-feitio.

Acontece que Evaristo não vociferava apenas contra negros, mas contra os que o incomodavam no bairro e pelos vistos eram vários, o último a quem terá ameaçado de morte, já depois de assassinar Bruno Candé, terá sido a testemunha que o deteve até à chegada das autoridades.
Na adolescência havia no prédio onde vivia um ex-combatente trancado em casa, que se dizia, relatado por familiares, que se metia debaixo da cama quando ouvia algum estrondo. Regressara traumatizado do ultramar. Parece-me evidente que a maioria dos portugueses não serão parecidos com Evaristo Marinho e que este cidadão, talvez precisasse de algum tipo de ajuda psiquiátrica. Deixemos as autoridades fazer o seu trabalho, sem utilizar politicamente o que pouco nada terá a ver com política.
Comparar este caso com o assassinato de Alcino Monteiro no Bairro Alto, é ridículo, porque esse sim, foi espancado por ser negro e circular numa rua de Lisboa em pleno. 10 de Junho, considerado pelos agressores como dia da raça. O que constitui prova suficiente para afirmar que existem racistas em Portugal, facto que ninguém desmente. Outra coisa bem diferente é afirmar que existe racismo estrutural na sociedade ou que somos um povo racista. Sim, existem skinheads, racistas, trogloditas e outros imbecis, existem extremistas de direita que sonham com o IV reich, outros mais modestos aspiram ao Estado Novo versão sec. XXI, como existirão extremistas maoistas, leninistas, estalinistas ou trotskistas, a sonharem com novas revoluções culturais, restauração de sovietes, gulags e outros instrumentos que lhes permitam impor o totalitarismo a que aspiram. O que também não implica que a maioria das pessoas de esquerda se reveja em ditaduras.
À esquerda e à direita, há hoje quem esteja unido por uma luta comum, usando tácticas semelhantes, visando o desaparecimento da tolerância, da moderação. O radicalismo, o cavar de trincheiras, interessa aos extremos de ambos os lados do espectro, para que no final, uma vez transformada a moderação em terra de ninguém, possam travar uma batalha final, que ambos esperam vencer, aniquilando o inimigo. Os extremistas não respeitam ou reconhecem adversários, quem não está com eles, é inimigo. E não tenham dúvidas, os extremos não crescerão um sem o outro, por isso se favorecem mutuamente. O inimigo comum é a tolerância, a democracia, a Liberdade, em última análise, serão a decência e a própria civilização a ficar em causa se cedermos ao extremismo e intolerância.
Não acredito em censura ou proibições, prefiro que andem por aí, para podermos perceber o que pensam, quem são e quantos são, a criar mitos. Sun Tzu terá dito um dia, “mantenha os seus amigos por perto e seus inimigos ainda mais perto”. É importante que a democracia assim proceda, sem ceder à tentação de censurar ou excluir os seus inimigos…


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