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Channel: racismo – Aventar
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A insustentável leveza da falsa equivalência

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Jacob Blake, cidadão americano, negro, desarmado, foi baleado por agentes da polícia de Kenosha, Wisconsin, com sete tiros, em frente aos seus três filhos. Está no hospital, paraplégico, a lutar pela vida.

Kyle Rittenhouse, cidadão americano, branco, armado com uma semiautomática AR-15, assassinou dois manifestantes que protestavam contra a brutalidade policial que vitimou Jacob Blake, dirigindo-se posteriormente na direcção da equipa SWAT no local, que não disparou qualquer tiro ou prendeu o criminoso, permitindo que o mesmo regressasse ao Estado vizinho do Illinois.

Todas as vidas importam. Mas começa a ser difícil, a roçar o impossível, justificar a insistência de alguns na falsa e abjecta equivalência entre a luta por direitos civis e o racismo puro e duro. E se existem e existirão abusos do lado de quem luta contra o racismo, ou de quem se infiltra nessa luta com segundas intenções, como acontece com qualquer luta digna e legítima, é fundamental que se sublinhe o essencial: racismo não é liberdade de expressão. Não é compatível ou aceitável em democracia. Não é contraponto a coisa nenhuma. É crime. Um crime hediondo e intolerável, independentemente de quem o pratica. E o que se está a passar nos EUA não é aquilo que um democrata espera de uma democracia. É o que esperamos de um estado autoritário e segregacionista. E o mundo democrático precisa que os EUA se libertem deste espectro, sob pena de nada mais restar para além de uma Europa cercada por ditadores que esmagarão, para sempre e sem misericórdia, toda a liberdade e esperança que nos restam. O relógio corre contra nós.

P.S: desengane-se quem achar que o facínora de serviço que por cá temos é diferente dos seus ídolos estadunidenses. A única diferença é não ter poder necessário para dar início ao processo de cancelamento da cultura democrática.


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