Um terço dos americanos acredita que os imigrantes que chegam aos EUA estão ao serviço do Partido Democrata, com a missão de substituir a população branca. Uma genial teoria da chalupiração, de seu nome A Grande Substituição, por cá subscrita por alguns cronistas de Observador e pela palermosfera da direita radical à extrema-direita.
Seria importante que alguém lhes explicasse, devagar e com desenhos, para que o Tico não entre em conflito com o Teco, que esses migrantes, nos EUA ou em Portugal, chegam para fazer o trabalho que os locais não querem fazer e que os patrões pagam mal e porcamente. E são, não raras vezes, recrutados por empresas de recursos humanos para empresas que procuram mão-de-obra barata no nível imediatamente acima da escravatura. Para não parecer tal mal.
Aproveite-se ainda para explicar, mais devagar e com mais desenhos ainda, que, pelo menos no caso português, a esmagadora maioria dos indianos, paquistaneses e nepaleses que chegaram nos últimos anos foram literalmente importados por grandes empresas que querem “reduzir custos”, na agricultura, na metalomecânica ou no têxtil. Porque chegará o dia em que os chalupiradores dirão que foi a esquerda que trouxe estes desgraçados para cá. Não foi. Foram os empresários que fizeram doações máximas para as campanhas do PS, do PSD, da IL e do CH. Os únicos que beneficiam da chegada destes desgraçados, que fugiram da miséria absoluta para se enfiar na pobreza remediada.
Não existe nenhuma substituição, grande ou pequena. Existe, apenas e só, o que sempre existiu: a ganância da elite, a vassalagem dos partidos que sempre a serviram, a propaganda que cada um decide engolir e um exército de idiotas úteis, que se acha ungido por Deus e pelo bem, alheados da realidade o suficiente para não perceber o grau de ridículo do papel para o qual foram remetidos. Paz aos seus neurónios.